Choque de gerações.
É conflitante o encontro de pessoas de outras gerações, quando se busca um objetivo comum. Convenhamos que as idéias e anseios são demasiadamente diferentes, e a maneira como se digerem a oportunidade de conhecer, coloca frente a frente várias formas de absorção do que é transmitido, e ainda maiores são as divergências quanto ao entendimento e desenvolvimento de pensamento. Hoje aos 47 anos, freqüento uma sala de aula onde 95% são jovens entre 18 e 25 anos. Aos jovens, percebe-se a paciência e plano delineado de conseguir o tão sonhado diploma universitário, entretanto, os mais maduros, vêem a oportunidade de navegar por caminhos desconhecidos. A fome do saber, torna-me "um chato". Não tive a oportunidade de estudar quando jovem, então, não permito que oportunidades sejam desperdiçadas e pergunto demais ao professor. Quando estou só, pesquiso e leio muito o assunto que fora posto em pauta na aula, e posteriormente, quero sanar dúvidas. Acho que a matéria vai além do esperado. Sinto que estou acometendo ou fomentando a exclusão, causando assim uma grande dificuldade de sociabilidade.
Acham-me jurássico. As vezes sou mal interpretado na forma de falar ou condusir um debate. Será que as desigualdades são absurdas ao ponto de tornar-me ignorante?. Tenho pensado em como poderia modificar minhas atitudes afim de proporcionar a reconciliação. Sentir-se jovem, não quer diser ser aceito. A maneira como expresso meus pensamentos, as vezes ferem a individualidade dos jovens, mas não é proposital, é realmente a forma como vi e viajei dentro da interpretação do tema proposto ou da pesquisa. Outras, não entendo a forma como "eles" ( os jovens ) compreendem um estudo. Ponho-me a pensar como eram mais rígidas as normas e formas de pensamento na minha juventude. Quando discutimos questões relacionadas à moralidade do cidadão, percebo quanto se perdeu ao longo do tempo os valores sociais e a excelência quanto ao comportamento. Fico feliz em perceber que não se repassa mais conhecimento e sim atiça-se a curiosidade estimulando a pesquisa e pensamento individual. É bonito o esforço dos professores em formar o homem consciente, pensante e reflexivo, espero que ao menos alguns dos jovens colegas sejam despertados com interesse pelo social, pelo jovem, pela sociedade, pela educação, que conseguiram despertar no meu intimo.
Existe muita demagogia em sala, e fica evidente a tentativa de manipulação imposta por alguns individo-os. Os jovens se deixam levar, eles não percebem a manobra. Fico analisando e pensando no meu povo quanto massa. Proporcionalmente, vejo o que acontece com meu País, e não sinto mudança a curto prazo. O jovem entende e vê a mensagem de um texto, mas não tem coragem de implementação. A pouco, tivemos a luta pelas diretas, e a deposição de Collor, com uma representatividade ferrenha dos jovens em todos os Estados da Federação e instituições a que tiveram acesso, um exemplo de força e poder. Hoje, o nosso País mergulhou na lama da corrupção e vergonha de forma irremediável, incorrigível...não vejo a força dos jovens, não se escuta o eco dos ideais, acovardaram-se. Sinto a presença desse medo da fala e do grito no meu País, sinto isso nos meus amigos de sala. Fala-se muito em filosofia, mas não se fala em filosofia política, em moralidade. Acho que esta imbuído na consciência do jovem brasileiro, a tristeza, a vergonha, a covardia e falta de iniciativa.
Hoje pensei em escrever sobre um problema de sociabilidade... falei de política.